Ao portal iG, diretor de "Crô" fala sobre dificuldade de captar recursos para filmes com gays e comenta cinema nacional: "É colonialismo dizer que chanchada é um horror"
O currículo do diretor carioca Bruno Barreto, 58 anos, inclui um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional ("Dona Flor e Seus Dois Maridos", de 1976) e uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro (em 1998, por "O Que é Isso, Companheiro?"). Mesmo assim, o cineasta teve dificuldade para conseguir patrocínio para os dois filmes que lança neste ano, "Flores Raras" (em agosto) e"Crô" (em novembro).
O motivo, segundo a produtora Paula Barreto, irmã de Bruno, foi o mesmo: a presença de personagens homossexuais no roteiro . "O Brasil é muito moralista, é falsamente liberal", diz o diretor, em entrevista ao iG , em intervalo das filmagens de "Crô". "Ainda tem muito preconceito. É um País muito hipócrita, né?"
O próprio Barreto brinca dizendo ser o "cineasta gay do ano", ainda que não veja a homossexualidade como tema dos dois filmes. Para ele, "Flores Raras", que narra o romance real entre a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop e a arquiteta carioca Lota Macedo Soares, é sobre a perda. E "Crô", que leva ao cinema o mordomo interpretado por Marcelo Serrado na novela "Fina Estampa", fala sobre poder e submissão.
Longe das comédias desde 2007, quando lançou "Caixa Dois", Barreto afirma que "Crô" investe na "gag visual" e por isso difere totalmente dos filmes cômicos atualmente produzidos no Brasil, cuja estética parecida à da televisão lhes rendeu o apelido de "globochanchadas".
Barreto se incomoda com a conotação pejorativa. "Acho que é um pequeno colonialismo ficar dizendo que chanchada é um horror", afirma. "Essas comédias de agora não têm nada a ver com chanchada. Pelo contrário, acho que as chanchadas eram melhores até."
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