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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Para líder negro do PT, ameaças à Barbosa são "abomináveis" - Afropress

Rafael Pinto, uma das principais lideranças negras do PT, membro da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), articulação que reúne ativistas e militantes ligados ou próximos ao Partido, afirmou neste domingo (11/05), em entrevista a Afropress, considerar "abomináveis" as ameaças de morte que tem sido feitas ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, pelas redes sociais.
As ameaças aumentaram a preocupação com a segurança do ministro a ponto da Polícia Federal, a pedido da Corte, instaurar pelo menos dois inquéritos para investigar de onde partem e a identificar e monitorar seus autores.
Em pelo menos um desses inquéritos, a PF descobriu que um dos autores é Sérvolo de Oliveira e Silva, secretário de organização do diretório do PT em Natal e membro da Comissão de Ética do Partido no Rio Grande do Norte. Reportagens com destaque foram publicadas pelos jornais O Estado de S. Paulo e pela Revista Veja neste fim de semana.
“Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma aberração moral das mais pavorosas”, escreveu o dirigente petista potiguar no seu perfil no Facebook, onde se identifica com o nome de Sérvolo Aimoré-Botocudo de Oliveira.
“Joaquim Barbosa deve ser morto. Ponto Final. Estou ameaçando a um monstro que é uma ameaça ao meu país. Barbosa é um monstro e como monstro de ser tratado”, continuou o agressor.
Rafael Pinto, disse que os negros do Partido desaprovam e condenam totalmente esse tipo de conduta. “Não é método de ação nossa em momento algum, não foi nem sobre a ditadura, nem no momento em que precisamos aprofundar o processo da democracia”, afirmou.
Inquéritos
O responsável pelas ameaças de morte a Barbosa mudou para Foz de Iguaçu, depois que começou a ser investigado, segundo informam os jornais O Estado de S. Paulo e a Revista Veja deste fim de semana. À revista, ao ser questionado, disse ter feito menção ao tiro na cabeça porque se lembrou da morte do PC Farias. “A burguesia brasileira age assim. Sou do candomblé, não tenho coragem de matar ninguém", afirmou, completando que se quisesse de fato matar alguém não postaria a ameaça na Internet.
Em outro inquérito pedido pelo Ministério Público Federal, a PF investiga quem está por trás do perfil de Brasília que convoca membros e militantes do PT a atentar contra a vida do presidente do STF. Além de Sérvolo, os demais responsáveis pelas ameaças de morte podem pegar penas de até seis meses de prisão, caso sejam identificados e presos.
Há algum tempo, setores do Partido, tem lançado e avalizado peças de uma campanha abertamente racista contra o presidente do STF nas redes sociais conforme denuncia já feita emAfropress. Veja: http://www.afropress.com/post.asp?id=16156. O ministro também já chegou a ser hostilizado nas ruas de Brasília pelo voto de condenação a ex-cúpula do PT, inclusive, ao ex-ministro José Dirceu, preso juntamente com José Genoíno e Delúbio Soares, respectivamente, ex-presidente e ex-tesoureiro do Partido, no Complexo Penitenciário da Papuda.
Abominável
Para Rafael Pinto, uma das mais importantes lideranças negras ligadas ao Partido, porém, a atitude do petista potiguar contraria os métodos e as posturas dos negros do PT e é “abominável”. “Se alguém quer ameaçar a vida de uma pessoa nós abominamos isso. Como cidadão e como membro do Partido, abomino esse tipo de postura e de método”, disse.
“Do ponto de vista de colocar em risco a vida de uma pessoa, ou utilizar esse mecanismo, não tem nada a ver, nem com a conjuntura política, nem com o método de comportamento do partido. No caso específico de nós negros, abominamos isso. Ao contrário, defendemos o aprofundamento da democracia. Nós não aceitamos nenhum tipo de ameaça a vida de qualquer pessoa. O direito de divergir todos nós temos. Nós defendemos o direito de divergir”, acrescentou.
Divergências
Segundo Rafael, que atua na Comissão de Relações Internacionais da CONEN, as divergências com a forma como Joaquim Barbosa se comporta e se conduz na presidência do Supremo Tribunal Federal e como relator da Ação Penal 470 (o caso mensalão) devem ser debatidas no campo democrático.
“Tenho divergências da forma como o Joaquim Barbosa se comporta e se conduz. Joaquim Barbosa ao ocupar esse espaço no Supremo, ele representa todos nós. Tenho divergências na maneira como ele se comporta na condução de sua atuação, enquanto representante da Suprema Corte. Tenho uma avaliação de que o comportamento do Joaquim fecha as nossas portas. Nós teremos graves dificuldades de construir da forma como está colocada a condução, de trazer outros negros a ocupar esses espaços. No entanto, essas divergências são no campo democrático, no campo da democracia. Nós não aceitamos que ninguém sofra ameaça a sua própria vida no exercício de sua função profissional, do seu trabalho e das suas posições políticas”, enfatiza.
Rafael salienta que é preciso valorizar os avanços conquistados, inclusive na luta pela igualdade racial no Brasil nos últimos anos: “Nós lutamos muito para chegar ao Estado democrático, no nível de democracia que nós vivemos. Que precisamos aprofundar, todos concordamos. Temos que fazer correções do ponto de vista da condução do Estado Brasileiro, do Judiciário, sem sombra de dúvidas. Agora, em nenhum momento se pode colocar em risco a vida das pessoas”, finalizou.

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