sigo aquele ritual, banheiro, higiene e saio para comprar pão,
ao virar a viela de casa, os vejo, não dá tempo de fazer nada,
só sinto dois ataques em meu corpo, GRITO DE DOR, E CAIO
NO CHÃO!
Assim se vai, mais uma mulher negra pobre, o nome dela
Cláudia Silva Ferreira, era casada, mãe de quatro filhos e
trabalhadora, porém é negra e pobre. Motivo, qual o motivo
de uma barbárie dessas? A justificativa que era negra e
moradora da periferia, isso já é mais do que justificativa para
a polícia militar brasileira, que mata mais do que os países
que tem a pena de morte instituída, o chamado RACISMO
INSTITUCIONAL impera na Segurança Pública.
A recém-pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada - IPEA “Violência contra Mulher”, revela
que o femicídio (mortes intencionais e violentas de mulheres
em decorrência de seu sexo) tem cor e endereço as
mulheres negras e pobres são as principais vítimas da
violência. No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres
negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões,
à exceção da Sul. Merece destaque a elevada proporção de
óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte
(83%) e Centro-Oeste (68%). A maior parte das vítimas tinha
baixa escolaridade, 48% daquelas com 15 ou mais anos de
idade tinham até 8 anos de estudo.
A mulher negra e pobre sofre tripla discriminação, ele é
vítima do sistema que se estabelece em nosso País, onde
ocupa o último lugar da pirâmide social, mesmo possuindo
mais anos de estudo e maior qualificação, com a busca
através da educação, ser o caminho/solução para o
crescimento e a emancipação das pessoas.
Sofrem na saúde, onde os dados revelam, exemplificando,
que as mulheres negras, realizam menor número de exames
pré-natais, muitas se quer são tocadas/examinadas pelos
médicos, acarretando um número maior de obtidos na
maternidade.
Sofrem na relação com parceiros e familiares, vivemos uma
sociedade essencialmente patriarcal, onde o masculino é
poder disciplinador, que também tem cor, a cor branca, essas
mulheres são vistas com um estereótipo de sexualidade sem
virtude.
Sofrem, por não serem consideradas as “mulheres ideais”,
mulher ideal é a mulher branca, virtuosa.
Desta forma, remetemos a necessidade de uma atenção para
essa problemática, em caráter emergencial, as “Claudias” de
todos os dias são a ponto de um Iceberg, de uma sociedade
que a carne da mulher negra, necessita de seu respeito e
garantia de direitos de fato.
Por Alessandra Franco Advogada, Coordenadora de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial de São Vicente,
Comunicadora do Programa Igualdade Racial na Rádio
Cacique AM
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